segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Platão

No diálogo do livro VI da obra A República de Platão, pode-se retirar uma noção do que vem a ser o objeto próprio da filosofia e, portanto, da metafísica para Platão, dado que essa distinção só vem a ocorrer posteriormente. No diálogo que se dá entre Sócrates e seus interlocutores, este procura expor as qualidades que julga essenciais ao filósofo, único que é verdadeiramente apto para governar sabiamente a polis. O filósofo é entendido como aquele capaz de “atingir aquilo que se mantém sempre do mesmo modo”, que não se perde no que é múltiplo e variável, deve buscar a “verdade absoluta” e nortear-se por ela. Portanto, já em Platão temos aquela noção de metafísica como busca de uma essência que esteja acima, na ordem de importância, aos fenômenos da realidade apreendida pelos sentidos e pelos conceitos do entendimento comum. Se, apesar da multiplicidade de aparências e formas com que as coisas se mostram a nós, ainda assim podemos chegar à idéia da coisa, que é distinta das ocorrências particulares dessa coisa, é porque para além das aparências deve, necessariamente, haver uma essência, uma verdade última que seja eterna. A idéia da coisa é exatamente a verdade que o filósofo deve buscar. Fica assim dividida a realidade entre sensível e inteligível, e é do inteligível que deve tratar a filosofia.

A idéia, para Platão, tem precedência na ordem das substâncias, por sua natureza eterna, transcendente à realidade mutável das aparências. São elas que fundamentam e dão possibilidade de ser às ocorrências particulares de cada coisa. As idéias se encontram no plano divino aonde reside a verdade e o bem. Desta forma, Platão concebe os fenômenos da realidade sensível como meros reflexos de uma realidade mais elevada, imutável e eterna. A verdade não pode ser encontrada no que é transitório, o que é transitório tem o não-ser como parte da sua composição, já que para tornar-se é preciso deixar de ser (não ser mais) o que se é. Portanto, aquilo que verdadeiramente é, no sentido pleno, é a idéia. Acima de todas as idéias está a idéia do bem. A idéia do bem é o princípio absoluto que possibilita o entendimento racional, assim como o sol, que Platão considera filho do bem, possibilita a visão.

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